28.4.06


Sabia que não ia ser fácil e aqui estou eu, já perante um dilema.
Tinha decidido seguir o fio do texto que começou ansioso, apressado, extenso, quase uma febre, não fosse este termo arrumar-me na presunção de que posso ser como o outro e escrever por febre de escrever.
Eis que me surge outra possibilidade de escrita, eventualmente mais fácil. Opto pelo caminho mais fácil? Aventuro-me no mais difícil?
Diz-se por aí que devemos escrever sobre o que conhecemos. Mas afinal que conhecemos nós? Dá-me ideia que a escrita pode ser, ela própria, um aperfeiçoamento do nosso conhecimento, e então não podemos partir do princípio que devemos escrever sobre o que já conhecemos ou julgamos conhecer.
O caminho mais fácil, além desta característica, poderia completar a trilogia que pretendo concluir e que tem a pretensão de mostrar 3 ângulos de uma mesma tela; ou seja, o pano de fundo, o tom, as causas, as consequências não se modificam, apenas se analisam de formas diferentes.
O caminho mais difícil apetece-me mais, apesar de tudo. Por várias razões: porque não me apetece ser uma espécie de Lobo Antunes que escreve sempre sobre o mesmo; porque escrevi as primeiras páginas numa fúria de satisfação comigo mesma; porque gostaria de saber se sou capaz de o levar a bom porto.
Evidentemente, poderei trilhar os dois caminhos, um de cada vez, seria talvez mais sensato. Qual o que, neste momento, me sairia melhor?
Penso que vou pegar nos dois textos e ver que palavras me saem primeiro, ou com mais facilidade.

Nat

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26.4.06


Eu fiz batota, devo admiti-lo. Agarrei-me afincadamente a um começo daqueles que, como tantos outros, deixamos numa gaveta ou numa pasta esquecida do computador.
Agora é continuar, que para alguma coisa há-de servir este empurrão.
O pior é que escrever é como tantas outras coisas, a gente pára e depois para reencontrar o tom é o cabo dos trabalhos. Ou, pelo menos, assim é para mim. Tenho tendência a fragmentar o que escrevo. Aliás, isso vê-se por coisas tão simples como eu pegar num caderno, independentemente do que escrevi para trás, e registar um texto que, penso eu, após escrever, nalgum lugar há-de caber.
Pois claro, eu sei, de profissionalismo este método não tem nada, mas eu não sou profissional, nunca escrevi um livro, e parece-me que o texto mais longo que escrevi não excedeu as 60 páginas.
A tarefa não vai ser fácil e, como tantas outras, talvez naufrague antes de qualquer porto, mas isso é o que menos me importa agora.
Enquanto escrevo, aqui estou.

Nat

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24.4.06


“Gostava de escrever um livro.”
“Eu também.”
Entre dúvidas sobre se seríamos capazes ou não, lá nos decidimos, que isto às vezes só lá vai com estímulos exteriores.
Não evitamos pensar que a Margarida Rebelo Pinto, provavelmente, começou por pensar que gostaria de escrever um livro e deu no que deu. Mas que importa? Tentemos, pois então.
O primeiro problema parece comum às duas: tudo o que nos sai da pena sai profundamente escuro e tende a acabar em trágicas mortes.
A resolução também foi comum: tentaremos que este seja uma excepção à regra que, contra nossa vontade, se instaurou.
Seremos capazes?, duvidámos. Tentaremos, acabámos por decidir.
Dois projectos, foi então o que nos surgiu pela frente. Um em comum, por brincadeira, as 15 linhas, outro no recato que é a solidão de cada uma de nós.
Este blog será então o retrato desse segundo projecto, a tentativa de escrevermos um livro, de nos levarmos a sério, de nos concentrarmos em algo mais do que a vacuidade dos dias e das noites.
Cada uma de nós irá sentar-se em frente à folha de texto em branco, estalará os nós dos dedos e começará a teclar. Cada uma a seu modo. Com avanços, recuos, brancas, medos, não importa. Cada uma de nós irá finalmente pôr-se à prova.
O percurso e os eventuais resultados serão aqui expostos e com isso não deixamos de ser duas aprendizes, duas pessoas em busca de uma tábua onde, ainda que por escasso tempo, encontraremos alguma espécie de salvação.
Dizem que começar é o mais difícil.

Nat

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mil folhas



Antes das mil, a folha em branco. A angústia de que se fala. Ou não. Palavra a palavra, página a página, um capítulo depois do outro. Até chegar ao fim.