28.4.06


Sabia que não ia ser fácil e aqui estou eu, já perante um dilema.
Tinha decidido seguir o fio do texto que começou ansioso, apressado, extenso, quase uma febre, não fosse este termo arrumar-me na presunção de que posso ser como o outro e escrever por febre de escrever.
Eis que me surge outra possibilidade de escrita, eventualmente mais fácil. Opto pelo caminho mais fácil? Aventuro-me no mais difícil?
Diz-se por aí que devemos escrever sobre o que conhecemos. Mas afinal que conhecemos nós? Dá-me ideia que a escrita pode ser, ela própria, um aperfeiçoamento do nosso conhecimento, e então não podemos partir do princípio que devemos escrever sobre o que já conhecemos ou julgamos conhecer.
O caminho mais fácil, além desta característica, poderia completar a trilogia que pretendo concluir e que tem a pretensão de mostrar 3 ângulos de uma mesma tela; ou seja, o pano de fundo, o tom, as causas, as consequências não se modificam, apenas se analisam de formas diferentes.
O caminho mais difícil apetece-me mais, apesar de tudo. Por várias razões: porque não me apetece ser uma espécie de Lobo Antunes que escreve sempre sobre o mesmo; porque escrevi as primeiras páginas numa fúria de satisfação comigo mesma; porque gostaria de saber se sou capaz de o levar a bom porto.
Evidentemente, poderei trilhar os dois caminhos, um de cada vez, seria talvez mais sensato. Qual o que, neste momento, me sairia melhor?
Penso que vou pegar nos dois textos e ver que palavras me saem primeiro, ou com mais facilidade.

Nat

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mil folhas



Antes das mil, a folha em branco. A angústia de que se fala. Ou não. Palavra a palavra, página a página, um capítulo depois do outro. Até chegar ao fim.